Soluções Coletivas para Transformar Realidades – Tecnologias sociais.

By: Fabrício R. Barbosa

Data: 29/03/2025

  Em um mundo marcado por desigualdades e desafios sociais e ambientais, as Tecnologias Sociais (TS) podem ser alternativa poderosa para promover inclusão, sustentabilidade e qualidade de vida.

De acordo com Lassance Jr. e Pedreira (2004), Tecnologia Social é:

“um conjunto de técnicas e procedimentos, associados a formas de organização coletiva, que representam soluções para a inclusão social e melhoria da qualidade de vida”.

Isso é, as tecnologias sociais fazem parte de métodos inovadores, criados e aplicados com a participação das comunidades, onde se oferecem soluções para problemas reais de forma acessível e com um potencial replicável imensurável.

O Que Define uma Tecnologia Social?

Diferente das tecnologias convencionais que são geralmente vinculadas a patentes, grandes corporações e envolvem altos custos, as Tecnologias Sociais (TS) se destacam por três princípios fundamentais:

 - Participação coletiva: São desenvolvidas com as comunidades, não apenas para elas, valorizando saberes locais e garantindo que as soluções atendam às reais necessidades das pessoas envolvidas.

- Replicabilidade: Projetadas para serem adaptáveis e acessíveis, podem ser aplicadas em diferentes contextos, muitas vezes com materiais de baixo custo e técnicas simplificadas.

- Transformação socioambiental: Seu foco não é o lucro, mas sim gerar impacto positivo na qualidade de vida, na inclusão social e na sustentabilidade, fortalecendo a autonomia dos grupos envolvidos.

Em essência, as TS representam uma alternativa democrática e colaborativa ao modelo tecnológico tradicional, provando que inovação e justiça social podem caminhar juntas.

 A iniciativa da Bufunfa como um Exemplo prático.

Um exemplo inspirador de tecnologia social em ação é a Bufunfa, política pública implementada pela Secretaria de Meio Ambiente do município de Pinhão (PR). Essa moeda social inovadora é distribuída aos cidadãos como incentivo à separação correta de resíduos recicláveis, criando um ciclo virtuoso de sustentabilidade e inclusão.

O projeto funciona em três eixos principais: Educação ambiental, pois os moradores recebem Bufunfas ao separarem os resíduos em suas casas para que haja a coleta para destinação correta, fortalecendo hábitos sustentáveis. Além disso desenvolve um circuito econômico local onde a moeda pode ser trocada por alimentos saudáveis na feira do produtor, impulsionando agricultores familiares e pequenos produtores. E não menos importante promove a justiça social, uma vez que famílias em vulnerabilidade ganham acesso a alimentos frescos enquanto contribuem para a limpeza urbana.

Assim ao unir gestão pública, participação comunitária e inovação financeira, a Bufunfa demonstra como tecnologias sociais podem transformar desafios ambientais em oportunidades de desenvolvimento inclusivo.

A importância das tecnologias sociais.

As tecnologias sociais desempenham um papel fundamental na construção de uma sociedade mais justa e sustentável. Em primeiro lugar, elas democratizam o acesso a recursos essenciais, como água potável, energia limpa, moradia digna e alimento saudável e de qualidade, garantindo que comunidades vulneráveis possam usufruir de direitos básicos muitas vezes negligenciados.

Além disso, essas soluções valorizam os saberes tradicionais, integrando o conhecimento empírico das populações locais com técnicas inovadoras, criando assim um diálogo entre o saber acadêmico e as práticas ancestrais. Por fim, as tecnologias sociais fortalecem a autonomia comunitária, permitindo que grupos historicamente marginalizados reduzam sua dependência de políticas públicas inconsistentes ou do domínio de grandes corporações. Dessa forma, elas não apenas resolvem problemas imediatos, mas também empoderam pessoas e comunidades, gerando transformações duradouras e estruturantes.

Como Participar ou Criar uma TS?

A construção de uma Tecnologia Social começa com a identificação de demandas reais da comunidade– como desperdício de alimentos ou falta de saneamento básico –, seguida pela mobilização coletiva para desenvolver soluções junto às pessoas diretamente afetadas. O processo se completa com a sistematização e compartilhamento da experiência, criando um modelo aberto que possa ser adaptado e replicado em outros contextos, multiplicando assim seu impacto social. Essa abordagem participativa garante que as soluções sejam não apenas eficazes, mas também sustentáveis e verdadeiramente transformadoras.

Tecnologias Sociais provam que “as melhores soluções muitas vezes nascem da coletividade.” Elas não apenas resolvem problemas, mas criam caminhos para sociedades mais justas e sustentáveis.

E você? Já conhece ou participou de alguma iniciativa assim? Compartilhe nos comentários!

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